Prestação de contas: Quem paga as contas em São Vicente?


Não é de hoje que o dinheiro público vem sendo descaradamente repassado à iniciativa privada numa lógica de parceria que propaga a ideia de uma forma de melhor administrar os Órgãos Públicos em determinados setores. Há quem defende essa ideia com unhas e dentes, mas o resultado disso na prática, é o desmantelamento de direitos trabalhistas, a precarização da condições de trabalho da classe trabalhadora e toda uma administração pública que gestiona distante da realidade da população e sempre engessada e controlada por grupos políticos de interesses que além de mamar no dinheiro público também estão sentados como parlamentares defendendo leis que lhe beneficiam, quando não, Lobby lizando.

Como a Rádio da Juventude localiza-se na cidade de São Vicente, partimos de alguns exemplos próximos para discutir como o dinheiro público é administrado e questionar que, enquanto a população não assumir as rédeas, de gestionar aquilo que lhe pertence, estará condenada a cada dia mais ter todos o seus direitos violados.

Cidade de São Vicente

A Ponte Pênsil um dos cartões postais da cidade de São Vicente está desde dezembro de 2012 em reforma, com o prazo de término da primeira parte da obra até março deste ano com continuidade da obra em 2013. Por enquanto, apenas as trocas das madeiras danificadas estão sendo feitas num período de duas ou três vezes por semana durante algumas horas para que não prejudique o trânsito. Os gastos serão de  R$ 496.809,27, (quase meio milhão) uma parceria do Governo Federal com a Prefeitura de São Vicente, quem passar pelo local, ou tiver vontade ou oportunidade de passar, irá constatar uma placa informando, há também uma outra placa próxima, indicando gastos na pavimentação da rua Saturnino de Brito no Parque Prainha, onde o custo foi de R$1.366.145,73.  

A primeira vista parece que o Governo Municipal e Estadual estão investindo na qualidade de vida da população vicentina com reformas, pavimentações e outras coisas que vem demandando bastantes gastos dos cofres públicos ( há tempos) e que nos levam ao questionamento devido os números expressivos, se esses gastos são realmente necessários, e quais resultados eles trazem, por exemplo, os investimentos com a sinalização turística que foi de R$108.427,50a restruturação do Parque temático Vila de São Vicente, de R$140.000,00, (cujo local criado em 2001 tinha a proposta de contribuir para o desenvolvimento da cultura local e preservar a história da primeira Vila de São Vicente, assim, como servir de ponto turístico).

A realidade é que a cidade de São Vicente está precisando mesmo de muita coisa, (porém, é preciso administrar numa lógica de prioridades) a Ponte Pênsil precisa de reforma, ok, há madeiras e ferragens em péssimas condições, sendo que ela é a única passagem para os moradores dos bairros Prainha e Japuí.  Mas, é  importante questionar algumas coisas?

Primeiro: o dinheiro público que está sendo gasto nestas obras, há fiscalização? Prestação de contas à população? A população esta sendo consultada? Por exemplo, é preciso mesmo cerca de meio milhão para consertar a Ponte? Oras, que trabalho de solda, de troca de ferragens e de madeiras são essas? Que vão custar quase meio milhão e já estamos quase no mês de março, trocaram algumas tábuas apenas. Ah! mais os laudos técnicos levaram à este orçamento. (certeza que o trabalhador que está contratado, não está recebendo tanto assim, para uma orçamento tão grande)

Segundo: sobre a na Vila de São Vicente, há uma relação promiscua neste caso, porque o espaço é público, porém, tem a iniciativa privada lá dentro ( parceria do público/privado, deve ser isso) Mas, na hora do investimento o dinheiro somente sai de uma lado? Como é isso? A população financia a reforma do espaço espaço e com isso, subentende-se que as apresentação artísticas serão gratuitas, e não são! ( rara vezes que são) O que rola na verdade, é  uma espaço em que a iniciativa privada contrata artistas e o público consumidor paga couver,  então, como fica essa relação? Outra coisa, há o objetivo que a Vila seja além de um espaço cultural, mas também um lugar de preservação histórica, ok. Mas qual história? Pois, a que está sendo contada lá, (numa sala de fotos e dados históricos) é a mentirosa, aquela que glorifica Martim Afonso e na sequência uma série de estadistas brasileiros. O espaço é importante culturalmente, porém, há muito a ser resolvido.

Terceiro: Vamos usar como exemplo as obras da rua Saturnino de Brito no bairro Parque Prainha, cujas responsabilidades não foram cumpridas como disse na época  (em 2009) o secretário de Desenvolvimento Urbano e Manutenção Viária de São Vicente (SEDUR), Léo Santos (PSB) de que a rua seria pavimentada e seria construído um muro de arrimo, devido o desmoronamento que houve num trecho da rua, desta forma  garantiria maior segurança aos moradores, pois bem, a obra levou quatro anos para ficar pronta, e agora? Quem explica porque não foi construído o muro de arrimo sendo que o Governo Federal liberou cerca de R$ 6,45 milhões para obras de contenção em encosta em áreas de risco para São Vicente e de contra partida a Prefeitura tinha cerca de um milhão para construção da escada d’ água no local onde houve deslizamento na rua Saturnino de Brito, a escada está lá, mas o muro de arrimo não! sem contar que passar o asfalto por cima do paralelipípedo, é fácil e fica bonito, porém, áreas de encosta precisam de construções de contenção, cadê?  E para onde foi esse dinheiro? Voltou para a Federação por ser mal administrado? E no outros locais da cidade, cadê os muros de contenção? 

Resumindo: Há muito dinheiro público que circula em obras que não são prioridade, outras que é nítido que há superfaturamento, e este é o ponto à ser discutido, decidir o que é prioridade, pois numa cidade com um enorme problema de saúde? ( com um único hospital para atender uma população de 332 424 habitantes) que faltam creches, escolas, empregos e tudo mais que diz respeito à equipamentos que garantam o bem estar social, é fundamental a população se apropriar e administrar a forma como esse dinheiro é utilizado, pois a lógica que impera hoje é o público sustentando a iniciativa privada, e o resultado são problemas sendo protelados ou resolvidos meia boca, mascarando e ludibriando a população.

OBS: Seguiremos neste assunto, há muito a ser discutido, desmascarado e denunciado.

Mudamos de endereço!


Mudamos o endereço do nosso blog. Agora é:

radiodajuventude.radiolivre.org

Mas continuamos os mesmos: livres e classistas!

Ato contra a “privatização da TV Cultura” é marcado para o dia 16/4


Nessa data, o conselho curador da Fundação Padre Anchieta elegerá seu novo presidente. Manifestantes contrários às demissões em massa, à extinção de programas tradicionais, como Zoom, Grandes Momentos do Esporte e Vitrine, e à cessão de espaço na grade para a mídia privada prometem tomar as imediações da emissora, da zona oeste de São Paulo. Na noite de terça-feira (3), um ato reuniu profissionais de comunicação, artistas, sindicalistas e parlamentares em protesto contra as reformas na tevê.

Marcel Gomes

São Paulo – Um grande protesto contra a “privatização da TV Cultura” tomará as imediações da emissora, na zona oeste de São Paulo, no próximo dia 16 de abril. Nessa data, o conselho curador da Fundação Padre Anchieta elegerá seu novo presidente.

O advogado e jornalista Moacyr Expedito, que ocupava o cargo, renunciou semana passada, um ano antes do término de seu mandado. O conselho curador colabora com a administração da tevê, que está nas mãos do presidente da Fundação Padre Anchieta, o economista João Sayad.

O protesto foi agendado na noite desta terça-feira (3) por profissionais de comunicação, sindicalistas, artistas e parlamentares, que participaram de um ato contra as reformas empreendidas na emissora. Entre elas, destacam-se a redução do quadro de funcionários – segundo os manifestantes, em mais de mil profissionais -, e a extinção de programas tradicionais, como Zoom, Grandes Momentos do Esporte e Vitrine.

Além disso, houve a tentativa de encerramento do programa Manos e Minas, que traz manifestações culturais da periferia da cidade para a televisão. Mas, diante dos protestos, a direção da emissora recuou. Os profissionais que conduziam o programa, porém, acabaram demitidos.

Para ocupar a grade, a TV Cultura convidou tradicionais veículos da grande imprensa paulista para fornecerem conteúdos, entre eles Folha de S. Paulo, Estadão e Veja. Por enquanto, apenas a Folha ocupou o espaço, com um jornalístico nas noites de domingo. Segundo o próprio jornal, foi feita uma permuta: a tevê cedeu espaço em troca de espaço publicitário no jornal impresso.

Indignação
“É a mídia privada ocupando espaço na tevê pública, um absurdo”, protestou o jornalista Renato Rovai, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e editor da revista Fórum. Segundo ele, por trás dessas mudanças está uma concepção da mídia privada e de governos do PSDB de “não engolirem o serviço público de comunicação”.

Na mesma linha, o diretor da Altercom e da Carta Maior, Joaquim Ernesto Palhares, lembrou que a tevê pública do Rio Grande do Sul foi “sucateada” no governo de Yeda Crusius (2007-2011), do PSDB. “É o modelo tucano de fazer política e governar, e que ainda conta com um cinturão midiático ao seu redor”, afirmou.

Para o jornalista Pedro Pomar, também presente no ato, o desmonte da TV Cultura é “estratégico para os tucanos”. “É mais um capítulo da reforma do Estado que eles vêm empreendendo nos últimos 20 anos. E a emissora é um símbolo que precisa ser destruído, porque ela mostra que o que é público pode ser bom”, criticou.

O ato, realizado no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, contou com a participação de funcionários e ex-funcionários da TV Cultura. A jornalista Marilu Cabañas, demitida após 16 anos de casa, se emocionou ao fazer um relato sobre os novos rumos da programação da emissora. “Quando eu estava produzindo uma série sobre crianças desaparecidas, veio uma ordem de que não devíamos ficar falando sobre pobres nas reportagens”, contou. A série acabou exibida, por pressão de outros colegas.

Desmonte
Já o funcionário Sérgio Ipoldo Guimarães revelou que o departamento em que trabalhava, o de meteorologia, foi extinto, para dar lugar a um convênio com a empresa Somar Meteorologia. Hoje, ele ocupa um cargo na direção do Sindicato dos Radialistas, e não sabe o que fará na emissora quando retornar. “Meu desejo é me qualificar para outra função”, disse.

Para João Brant, do coletivo Intervozes, o desmonte da tevê tem o potencial de influenciar as experiências culturais das pessoas. “Eu mesmo tive minha formação musical através da rádio Cultura AM, que tinha uma amplitude de repertório e muito cuidado com a música brasileira”, afirmou.

O enfraquecimento da TV Cultura gera, ainda, uma baixa na formação de quadros técnicos para o sistema público de comunicação. Segundo o professor Laurindo Leal Filho, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a academia brasileira não tem tradição na formação de pessoal para o sistema público, e esse papel era desempenhado pela TV Cultura.

Mais ações
Além do ato no dia 16, os manifestantes, que também participam de entidades como Central Única dos Trabalhadores (CUT), Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Sindicato dos Jornalistas, entre outras, farão pressão na Assembléia Legislativa para que uma audiência pública discuta a questão. Entre os parlamentares que apóiam a proposta, participaram do ato os deputados estaduais Carlos Giannazi (PSOL), Simão Pedro (PT) e Leci Brandão (PCdoB).

Renata Mielli, do Centro de Estudos Barão de Itararé, sistematizou as propostas dos participantes. Além dos protestos do dia 16 e da audiência pública na Assembléia, as entidades envolvidas circularão um manifesto contra o desmonte da tevê, colherão depoimentos de artistas e jornalistas, encaminharão um ofício solicitando que sejam ouvidas pelo conselho da Fundação Padre Anchieta, e exigirão auditoria nos contratos da emissora.

Post de origem: Carta Maior

Santos: Tela Crítica – Sindicato dos Metalúrgicos


O Sindicato dos Metalúrgicos retoma seu projeto TELA CRÍTICA com apresentações de 2 documentários com temática referente ao TRABALHADOR, dia 30 de março às 19:00hs na Av. Ana Costa nº 55.

Serão apresentado os Curtas Metragens ILHAS DAS FLORES e MTST – DIREITOS ESQUECIDOS: MORADIA NA PERIFERIA.

Partindo do princípio que as diretrizes apresentadas nos filmes, nos dão margem para um amplo debate, faremos um bate papo, logo após as apresentações, dando voz e espaço ao pensar do público presente.

Sinopses:

ILHA DAS FLORES

Um filme de curta-metragem brasileiro, do gênero documentário, escrito e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado em 1989, com produção da Casa de Cinema de Porto Alegre.

De forma ácida e com uma linguagem quase científica, o curta mostra como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos. O próprio diretor já afirmou em entrevista que o texto do filme é inspirado em suas leituras de Kurt Vonnegut (“Almoço de Campeões”/ “Breakfast of Champions”) e nos filmes de Alain Resnais (“Meu Tio da América”/ “Mon Oncle d’Amérique”), entre outros.

O filme já foi acusado de “materialista” por ter, em uma de suas cartelas iniciais, a inscrição “Deus não existe”. No entanto, o crítico Jean-Claude Bernardet (em “O Cinema no século”, org. Ismail Xavier, Imago Editora, 1996) definiu Ilha das Flores como “um filme religioso” e a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu ao filme o Prêmio Margarida de Prata, como o “melhor filme brasileiro do ano” em 1990. Em 1995, Ilha das Flores foi eleito pela crítica européia como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século.

DIREITOS ESQUECIDOS: MORADIA NA PERIFERIA

Vídeo da Brigada de Guerrilha Cultural do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de São Paulo. Faz um contraponto entre viver na favela, em condições precárias de higiene, habitação, transportes, lazer e segurança, e ocupar um terreno abandonado, lutando por moradia mais digna.

Produzido por uma rede de cineastas militantes, este vídeo foi exibido no dia 28 de dezembro de 2005, na Rede TV!, Canal 9 de São Paulo, por determinação judicial. O Ministério Público, junto com o Centro de Direitos Humanos e mais um conjunto de organizações, processou o programa do apresentador João Kleber, na Rede TV!, por ofensa, desrespeito e discriminação contra mulheres, idosos, homossexuais, crianças e deficientes físicos.

Vencido o processo, como punição a Justiça obrigou a emissora a exibir, no mesmo horário, um programa de contrapropaganda, que discutisse direitos humanos. Trata-se de um momento histórico na trajetória da TV brasileira: o movimento popular ocupa espaço gratuitamente numa emissora de televisão aberta, normalmente dominada pelos interesses do mercado, para reivindicar seus direitos.

Sugestão de uso: Indicado para todos os movimentos que militam pelas causas populares urbanas – grupos de sem-teto, desempregados, sindicatos e profissionais que defendem essas causas – advogados, arquitetos e engenheiros populares. Indicado também para os interessados em comunicação alternativa e popular e para entidades e grupos de defesa das minorias e dos direitos humanos.

Produção: Brigada de Guerrilha Cultural do MTST; 2005

Ocupando nossa própria casa – 2,90 é um assalto!


Post de origem: Comitê de Lutas pelo Transporte Público da Baixada Santista (CLTP-BS)
O CLTP-BS CONVOCA REUNIÃO NO CES (CENTRO DOS ESTUDANTES DE SANTOS E REGIÃO) – AV ANA COSTA, 308 – SANTOS – NESTE DOMINGO (26/02) ÀS 15 HORAS

Nesta quinta-feira, dia 23, como combinado, voltamos à Câmara Municipal de Santos para fazermos pressão, já que desde a semana passada os vereadores nos deviam satisfações sobre as providências que deveriam tomar por conta do aumento absurdo da tarifa do ônibus para R$ 2,90.

Com um carro de som na frente da Câmara, fizemos um chamado à população para se manifestar contra o aumento da passagem e contra as condições do transporte público em geral. Depois entramos no plenário e impedimos o funcionamento da sessão através de palavras de ordem, críticas e reivindicações ligadas ao transporte.

Cabe esclarecer que não foi uma “invasão”, e sim uma ocupação do plenário, já que há três semanas já reivindicamos ações dos vereadores, o que até hoje ficou só no discurso. Então, a decisão foi de ocupar o plenário e nos fazermos ouvir, fazendo uso da democracia, conceito às vezes deturpado pela nossa classe política. O presidente da Câmara, sr. Manoel Constantino, ainda ameaçou chamar a guarda para os manifestantes (???).

Indagamos aos vereadores e ao presidente da Câmara uma resposta às nossas reivindicações apresentadas e lidas pelo próprio presidente durante a sessão do dia 02 de fevereiro. Nesse documento exigimos a anulação imediata do aumento da passagem (retornando aos R$ 2,65), abertura de uma audiência pública onde o prefeito e a CET apresentassem as justificativas para o aumento da tarifa, através da planilha de custos da empresa Piracicabana (que nunca foi divulgada), passe livre para estudantes e desempregados e garantia aos idosos.

Um ponto que não incluímos e alguns companheiros levantaram durante o ato, seria reivindicar a volta do trabalho dos cobradores.

Depois da ocupação do plenário, o vereador Adilson Júnior (presidente da comissão de transporte público) que havia tomado chá de sumiço, resolveu aparecer e afirmar em plenário a data para a audiência pública sobre o aumento da tarifa: dia 27 de março.

Após o ato o grupo se reuniu na frente da Câmara e ficou confirmada uma data para nos organizarmos daqui pra frente, ou seja, como será nossa estratégia e organização durante a audiência pública, e MAIS IMPORTANTE: como organizar a ampliação do movimento? Como agregar cada vez mais pessoas? Alguns companheiros deram vária ideias, como fazer mutirões para divulgar a luta contra a tarifa nos bairros, batendo de porta em porta e falando com a população; panfletagem em feiras livres; debates/panfletagem nas escolas, universidades e centros comunitários. A ideia e organizar debates e reuniões itinerantes para agregar cada vez mais a população explorada diretamente por esse $istema de transporte.

O CLTP-BS CONVOCA TODOS OS INTERESSADOS PARA REUNIÃO NO CES (CENTRO DOS ESTUDANTES DE SANTOS E REGIÃO) – AV ANA COSTA, 308 – SANTOS – NESTE DOMINGO (26/02) ÀS 15 HORAS.

Obs.: O Comitê de Lutas pelo Transporte Público da Baixada Santista (CLTP-BS) é um grupo de pessoas sem fins partidários, que luta por um transporte efetivamente público, que possa atender bem à população, e não prejudicá-la, seja pela má qualidade ou pelos preços abusivos. Também lutamos pela participação popular na gestão do transporte. O grupo é aberto à participação de qualquer interessado, seja membro de partidos, entidades de classe, associações, ou movimentos sociais, ou mesmo sem qualquer ligação com algum grupo organizado.

Nosso perfil no facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003515952257


Matéria da edição de hoje do Diário do Litoral (usando o termo ‘invasão’):

Força policial não é guarda palaciana


Marcelo Rayel
Post de origem: Cinezen Cultural

Semana passada, comentei sobre a calamidade promovida pelo estado de São Paulo a respeito da população mais necessitada, em especial sobre a comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos. O passivo que o governador Geraldo Alckimim está tentando absorver deve valer a pena. Uma aposta a memória curta da população.
Em breve, todos esqueceremos, seremos escalados para otário novamente e está tudo certo. A maioria dos eleitores paulistas reconduzem o atual chefe do executivo ao seu posto outra vez e está tudo beleza.

Sim, porque precisamos de muita amnésia para colocar o atual chefe do executivo ou seu sucessor no posto mais representativo na esfera estadual. Se tudo der certo, a oposição saberá bater onde dói (leia-se Pinheirinho).

Não vou aqui fazer generalização barata e vil contra a população de São José dos Campos, afirmando que todos ali dão apoio e guarida ao atual prefeito Eduardo Cury. Acredito que mais da metade da população de lá não deu suporte ou apoio moral para a loucura que foi o Pinheirinho. Ninguém é maluco de chegar a esse ponto. Quanto aos cabeças coroadas da cidade, até entendo, principalmente o rulling class regional. Quem tem dinheiro, às vezes, é bem chegado a uma assepsia desmesurada. Ser chegado a uma assepsia não chega a ser um grande problema. O problema é não se assumir…

Colocar a força policial, que é um patrimônio público, que pertence ao povo, contra os próprios contribuintes, é algo que ainda não me sai da cabeça. Como podem os chefes dos executivos estaduais chegarem a esse ponto de um quase patrimonialismo com algo que não lhes pertence?

Não só fazem, como repetem a dose. Muito pouco adianta o governador baiano Jacques Wagner engrossar a voz e dedo em riste mandar policiais em greve voltarem ao trabalho. Se há dívida, que seja paga. Se houve algum tipo de promessa ou compromisso, que se cumpra. Caso contrário, fica parecendo que a força policial do estado, que zela pelo bem-estar do contribuinte, não passa de uma espécie de guarda palaciana que, nessa época do ano, garante muito axé ao carnaval local.

Policial não é capitão-do-mato. Caso esteja redondamente enganado, um dos trabalhos do então capitão-do-mato era buscar escravos fugitivos. Uma vez capturados, eram devidamente bem tratados, pois se tornavam um ativo valioso na hora do senhor da casa-grande resgatar o que perdeu. Nem um capitão-do-mato faria no Pinheirinho o que foi feito.

“Notícias de uma Guerra Particular”

Às vezes, a impressão que se tem é que força policial é um capricho quase sádico que os governadores de estado têm. Não estão a serviço do povo, mas a manutenção de uma ordem pública que em certos momentos atinge inclusive o espírito humano do policial, do praça de uma corporação militar. Como se policial não tivesse família, não tivesse consciência.

O confronto na Bahia é uma mostra disso. Até que ponto, em nome da ordem social e civilizatória, um policial merece receber um salário indigno para ordens espúrias a serem cumpridas? Segundo o ex-secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, Hélio Luz, no documentário “Notícias de Uma Guerra Particular”, a polícia foi feita para a segurança da elite econômica do Estado. É quase uma guarda particular. Só que na hora do vamos ver, nada de se cumprir com salários dignos, devidos reajustes e cumprimento no pagamento de bonificações.

Para botar o axé com segurança nesse carnaval, aí a polícia existe, é válida, tudo para a segurança dos milhões de foliões que deixarão milhões de reais nos cofres estaduais. Aí, a polícia existe. Caso contrário, os tais choques de gestão dos governadores de estado, que mais parecem um bloco dos sujos, uma patuscada hedionda, colocam os policiais nos últimos lugares da fila.

Pior ainda é ver militantes de partido político no Facebook botarem o pé no estribo para surfarem em possíveis benefícios nas corridas para as prefeituras. Do tipo, o meu governador é ruim, mas o seu, olha aí… Não fica atrás… Ficam parecendo aquele personagem do livro de Chico Buarque, “A Fazendo Modelo”, de 1974, o Zé das Feridas: que abria a camisa para ficar mostrando os hematomas.

Lamentável. Profundamente lamentável… Mas, se a pergunta proposta pelo mesmo Hélio Luz, no mesmo documentário citado há pouco, que tipo de polícia a sociedade quer for colocada, como seria a resposta dessa mesma sociedade onde parte dela tem como livro de cabeceira “Mein Kampf”?

Está aí um mundo que bem que poderia acabar logo, logo.

*Texto originalmente publicado no site CineZen

Moção sobre Pinheirinho lida na 3ª Mostra de Teatro Olho da Rua – Santos (SP)


O manifesto sobre a invasão da polícia em Pinheirinho (São José dos Campos) foi lido na noite de sexta, dia 27/1/12, no Valongo (Santos), durante programação da 3ª Mostra de Teatro Olho da Rua, que tem a Rádio da Juventude como um dos parceiros.

SOMOS TODOS PINHEIRINHO!

Moção Pinheirinho – Mostra Olho da Rua – Santos.mp3

http://soundcloud.com/radiodajuventude/mo-o-pinheirinho-mostra-olho/download

Moção de Repúdio dos Trabalhadores da Cultura à Política do Coturno em Pinheirinho

De um lado, pelo menos 1.600 famílias que lutam pelo direito de morar no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), ocupação que tem oito anos de existência. Do outro, mais de 2.000 policiais militares e civis cumprindo ordens da Justiça Estadual e da Prefeitura de São José dos Campos, em favor da massa falida da empresa Selecta, pertencente ao mega-especulador Naji Nahas.

Ainda que não houvesse outras circunstâncias agravantes no caso, já seria possível constatar que as instâncias dos poderes executivo e judiciário fizeram a opção, em Pinheirinho, pela lei que protege a especulação imobiliária, em detrimento do direito das pessoas à moradia.

Vence mais uma vez a política do coturno em prol do capital. De um lado, bombas, armas, gases, helicópteros, tropa de choque. Do outro, dois revólveres apreendidos. Não há notícia de que tenham sido usados. Uma praça de guerra é instalada – numa batalha em que um exército ataca civil.

Não há plano de realocação das famílias. As que não conseguiram ou não quiseram fugir, ou receberam dinheiro para passagens para outras cidades, ou estão sendo mantidas cercadas, com comida racionada, como num campo de concentração. A imprensa não pode entrar no local, não pode fazer entrevistas, e os hospitais da região não podem informar sobre mortos e feridos. O que se quer esconder?

O Governo do Estado lavou as mãos diante do caso, assim como o Superior Tribunal de Justiça. O Governo Federal tardou em agir. A chamada “função social da propriedade”, prevista na Constituição Brasileira, revelou-se assim como peça de ficção, justamente onde a ficção não deveria ser permitida.

Mais uma vez, o Estado assume o papel de “testa de ferro” para as estripulias financeiras da “selecta” casta de milionários e bilionários. A política do coturno em prol do capital vem ganhando espaço. Assim está acontecendo na higienização do bairro da Luz, em São Paulo , preparando-o para a especulação imobiliária; assim vem acontecendo na repressão ao movimento estudantil na USP, minando a resistência à privatização do ensino; assim acontece no campo brasileiro há tanto tempo, em defesa do agronegócio. Os exemplos se multiplicam. E não nos parece fato isolado que, hoje, a quase totalidade dos subprefeitos da cidade de São Paulo sejam coronéis da reserva da PM.

Nós, trabalhadores artistas, expressamos nosso repúdio veemente a esse tipo de política. Mais 1.600 famílias estão nas ruas: a lei foi cumprida. Para quem?

ENTIDADES E MOVIMENTOS PARTICIPANTES:

Avoa! Núcleo Artístico
Brava Cia de Teatro
Buraco d’Oráculo
Cia Antropofágica de Teatro
Cia Estável de Teatro
Cia Ocamorana de Teatro
Grupo Teatral Parlendas
Cia São Jorge de Variedades
Cooperativa Paulista de Teatro
Dolores Bocaaberta Mecatrônica
Estudo de Cena
Kiwi Companhia de Teatro
Movimento de Teatro de Rua
Movimento dos Trabalhadores da Cultura
Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo
Roda do Fomento
Trupe Olho da Rua – Santos – SP
Karina Martins
Núcleo do 184
Trupe Sinhá Zózima
A Jaca Est
Grupo Redimunho de Teatro
Coletivo Núcleo 2
Juliana Rojas (Filme: Trabalhar Cansa)
Atuadoras
Rede Brasileira de Teatro de Rua

3ª Mostra de Teatro Olho da Rua!


Vem pra rua, vem! Começa a 3ª Mostra de Teatro Olho da Rua – Ocupando os espaços públicos. A mostra é realizada pela Trupe Olho da Rua, grupo de teatro de Santos. Veja a programação completa aqui. Também acontece o X Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.

A Rádio da Juventude é parceira nessa iniciativa. Vamos ocupar as ruas com cultura!

(Re)começa a luta contra o aumento da tarifa!


Novamente aumenta a tarifa do busão em Santos, e os militantes vão a reboque. Com um fato tão certo e tão unânime como o o impacto do reajuste do transporte nos nossos bolsos, como fazer frente a isso, com uma diferença de poder tão grande? Retomemos a luta!

Surpreendeu muita gente a notícia de que Santos ia ter mais uma vez aumentada a tarifa do transporte público municipal. Não bastasse ano passado ter subido de R$ 2,50 para R$ 2,65, a prefeitura da cidade abriu mais um pouquinho as pernas e desta vez subiu a passagem para R$ 2,90, em uma cidade pequena e plana, que a cada dia faz de tudo para expulsar os mais pobres. Novamente antes da volta às aulas, quando os estudantes, historicamente os mais combativos a reajustes no transporte, estão em férias escolares.

Fato é que a reação foi quase instantânea. Foi marcada manifestação para dali a dois dias, na Praça Mauá, em frente à Prefeitura. Porém num sábado, quando não há expediente no Centro da cidade. Muito menos do prefeito, em tese o principal alvo de críticas dos manifestantes.

A chuva afugentou alguns possíveis manifestantes, mas cerca de 40 compareceram à praça, o que pode ser considerado um bom número pra tradição recente santista. Fermentados pelo ano eleitoral, diferentes partidos políticos estiveram representados ali (alguns realmente de luta, outros nem tanto). Estudantes, libertários e outras pessoas sem ligação com grupos ou ideologias em particular também fizeram questão de comparecer. Curiosamente, dos quatro organizadores do evento no facebook, dois não apareceram. E houve quem reclamasse das confirmações falsas na rede social.

Terminada a chuva, o que faltou acontecer mesmo foi um ato, o que seria prato cheio para a mídia empresarial. O principal jornal da cidade enviou repórter e fotógrafo para a praça, talvez esperando um volume como o visto pela manhã, em uma manifestação contra a violência animal, no Gonzaga (bairro nobre da cidade), quando mais de 400 pessoas se colocaram radicalmente a favor dos cães e gatos. Inicialmente divididos, os manifestantes contra o aumento da tarifa decidiram posar para o jornal, o mesmo que recebe anúncios das viações e dos órgãos públicos municipais responsáveis pelo reajuste para R$ 2,90.

Fotos tiradas, definiu-se por uma assembleia para apontar os próximos passos da frente. Os partidários deixaram a legenda de lado nas sugestões, todos que pediram a palavra foram ouvidos atentamente, e as ideias debatidas. Chegando no meio da reunião, um pré-candidato a vereador e um pré-candidato a prefeito apareceram, sendo que o primeiro chegou a falar à assembleia, improvisada no ponto do bondinho turístico. Venceu a moderação, sem muitas propostas combativas, e sim dois indicativos de manifestações, desta vez em horários e locais que possam “incomodar” mais as “autoridades”.

Dentre as propostas, chamou a atenção a fala de um dos companheiros, que disse que poderíamos começar a criar um movimento que pudesse ter continuidade, para aí sim barrar o próximo reajuste, já que é sempre algo mais ou menos esperado, e que manifestações depois que a coisa já está feita não vão fazer o poder (institucional) voltar atrás. Apesar da sensação de impotência em aceitar esse fato, parece mesmo não haver outro objetivo a médio prazo para o caso.

O aprendizado não está tão longe. Ano passado, de fevereiro a abril foram cerca de sete atos, com encontros semanais, reuniões e a criação do Comitê de Lutas pelo Transporte Público da Baixada Santista, que uniu estudantes e não-estudantes na luta por bandeiras imediatas como o passe livre para estudantes, a volta do cobrador, bilhete único metropolitano e abertura das planilhas de custos das viações, e até bandeiras a longo prazo, como o transporte público gratuito, viabilizado por meio de impostos (há em Sampa o movimento pela Tarifa Zero). Apesar da dissolução do comitê em pouco tempo, uma vitória é incontestável: os que fizeram parte daquele grupo estão entre os manifestantes deste último sábado.

Se esta frente recém-forma vai vingar ou não, é cedo para dizer. Preocupa o excessivo conservadorismo, mesmo de jovens, satisfeitos com protestos como contra a corrupção, em que basta gritar contra certos políticos, pintar a cara, cantarem orgulhosos o hino nacional e defenderem valores como a honradez, honestidade, patriotismo, a defesa do povo, enfim, o que defende todo grupo de auto-afirmados “cidadãos conscientes”, e políticos e partidos de praticamente todas as matizes. Houve até reações contrárias a palavrões. A falta de um caráter popular a lutas como essa do transporte também é um desafio a ser encarado. Afinal, o povo não pensa “R$ 2,90 é osso”.

A ofensiva do capital sobre transporte público é mais uma sobre a luta popular entre tantas outras que devemos enfrentar, e a importância em resistir é o aprendizado para outras lutas futuras, desde que mantido o foco: contra o capital e esse sistema representativo que dá carta branca para nossos governantes fazerem o que quiser, sempre a favor de quem concentra poder. Os inimigos estão aí, facilmente identificáveis. Cabe a nós a resistência, em seguida a ofensiva. Afinal, não dizem que todo o poder emana do povo?